domingo, 12 de junho de 2016

O Séquito dos desesperados


O Séquito dos desesperados
PDF 658

(em construção)

Foto: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=726206874185923&set=pcb.726208047519139&type=3&theater em 12/06/16

As fotos existem tal como a função de um documento. Um documento de imagem para provar quem estava presente. quem apoia um evento, e quem apoia alguém ou uma ideia. E em um lapso de tempo, com alguns disparos, registram comportamentos, pensamentos ocultos de quem estava presente, leituras do inconsciente, negadas pelos que estarão na fotos. O corpo é uma mídia permanente, expressando comportamentos e ideias. Os braços estão em posição de marcha, um à frente e outro atrás mostrando o ritmo da marcha do corpo. O olhar evita a lente, que pode mostrar o fundo dos olhos. Ao perceber uma câmera, criamos novas poses e novos olhares. Uma pose pode ser modificada, criando poses desejadas. E alguns detalhes não são planejados. As mangas da camisa, arregaçadas, tentam demonstrar muito trabalho.

As expressões no rosto, e nas mãos, com as posições dos dedos, mostram alguns de seus pensamentos, seus sentimentos e suas emoções. Como o dedo que aponta naquele momento para o chão. Um dedo que já apontou um fato, pretende apontar uma direção, ou até apertar um gatilho.  O desvio cervical, um desvio de coluna, declarado pelo alinhamento dos ombros. A coluna é o símbolo psicossomático do equilíbrio e da postura.

Não é possível afirmar que havia uma intenção do fotógrafo, em revelar detalhes, pois só depois de divulgadas, que as fotos revelam imagens, detalhes que não estavam nas lentes dos olhos do fotógrafo. Por novos olhares outros detalhes podem ser percebidos. Ao fundo uma imensa fila de carros, aguardado a vez, aguardando a passagem dos que estavam ali, para saírem nas fotos. Fotos para mostrar quem são seus amigos e apoiam seus atos. Curiosamente, a maioria dos que seguem a frente, vestem tons de azul. Coincidência, seleção ou orientação. Podem seguir a moda de um discreto YSL, que concordam até na cor.  

Toda foto tem detalhes que podem ser descobertos e analisados. Como muitos carros ao fundo, invadindo a ciclovia e ocupando as calçadas. antes da reinauguração do viaduto. O que indica um habito futuro, com possíveis congestionamentos. A ocupação das calçadas pelos carros, hoje já é evidente e notório em outros logradouros Na tal cidade do viaduto, onde faltam calçadas. E com alguma certeza, o carro branco, na pista oposta, estacionado no recuou, deve ter seu proprietário exposto na foto, andando a pé,  na intenção de se mostrar diante da lente, um cidadão comum.

Um grupo de olhares cabisbaixos, com semblante de cansados, subiu a rampa de um viaduto. Abriram o caminho antes dos carros, para terem visibilidade e notoriedade. Era um ato de inauguração de um viaduto para carros. Dizem haver ciclovia e caminho para pedestres. Mas não foi para pedestres e ciclistas, que o viaduto foi reformado e reaberto, a razão principal foi para os automóveis, um símbolo de domínio, sucesso profissional e econômico; ostentação e poder.

Longe do povo, que vive nas ruas,  caminharam a pé sobre uma pista de asfalto pelo alto. não inauguraram a via em seus carros, com ar condicionado, película no vidro e totalmente fechados, talvez até houvessem carros blindados. Em seus carros não seriam percebidos, não estariam no alcance da câmera e no foco das lentes. Passariam muito rápido, e somente um bom fotografo, com lente zoom e velocidade de abertura 1/1000, captaria seus sorrisos alegres, e sem suores nos rostos. E poderiam ser flagrados usando telefones celulares ao volante, em conversas ou em selfies.

Talvez por baixo do viaduto, abrigados do sol e das chuvas exista um povo residente, excluído da cidade. Podem estar abrigados em barracos de papelão, ou casas simples ao longo de uma avenida, ao longo de um antigo córrego existente, agora cobertor pelo asfalto, espremido em canaletas, recebendo ligações de esgoto clandestinas.

Não existiriam alamedas com mansões cortadas por um viaduto. Seus proprietários não concordariam com o movimento intenso de carros, e com o barulho de buzinas, acompanhados da fumaça dos escapamentos. Um séquito subiu um viaduto em busca de votos. A busca dos votos daqueles que vão cruzar o viaduto enclausurados em automóveis, passando por cima da cidade. Os votos daqueles dentro de uma bolha automotiva. Os que buscam caminhos para seus carros, ignorando velocidades, faixas de pedestres, passeios públicos e ciclovias.

A cidade tem uma linguagem nos logradouros, com ruas avenidas e viadutos, escrita pelos seus administradores.

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